Neviar - o Sonho Perdido

O olhei meio intrigada e caminhei ate perto do outro Uriel estranhando ele ali.

- Vc não tinha que estar lá fora!? Achei que tinha sido chamado!?

- Ah... - soltei uma exclamação de entendimento quando ouvi a mensagem.

Abracei meus próprios ombros enquanto Uriel trancava a porta do quarto. eviam ser medidas de segurança. Nervosa caminhei pelo quarto em busca de coisas familiares a mim. Algo que me dessa uma pista de "qual realidade" era a de fato. Ainda tinha no olhar muita confusão e receio.

Suspirei olhando todas aquelas coisas. Minhas coisas. Só que ate onde me lembrava eram coisas que apenas desejava ter quando vivia na Terra. Porém estavam ali. E as fotos. Eram minhas, comigo em diversas situações. Contudo não me recordava de nenhuma delas.

Outro suspiro profundo e fui ate a cama e me joguei nela. Fiquei deitada com o rosto enterrado no travesseiro confusa demais para ate mesmo pensar no tédio do momento. Várias dúvidas pairando a minha mente. Coisas como "quem era eu de fato??", "qual das realidades era o sonho???", "e pq eu não me lembrava das coisas dali???"

Virei meu corpo olhando o teto e o encarei me esparramando na cama. Tinha espaço mais do que suficiente ali para ficar esparramada e murmurei pra mim mesma.

- É... Ou eu estou com um terrível problema de amnésia... Ou realmente esse é um sonho MTO real... De qlq forma, vou precisar de um médico...

Conclui pousando a mão sobre o ventre pensativa.

Me levantei de forma abrupta da cama. Rapidamente levei a mão do ventre a boca a tampando e com um gemido abafado murmurei olhando para o rumo da porta.

- Uriel...

Assim que o homem chegasse eu lhe perguntaria apressadamente ainda tampando os lábios.

- O banheiro... Onde fica!? Rápido...

Me ergui depressa para ir a porta que uriel indicou sendo o banheiro. Porém deve ter sido depressa demais, pois logo tudo rodava e me senti mal. acabei tropeçando e indo de encontro ao chão sem qualquer menção de amparo.

Fechei os olhos e esfreguei-os com muita força. A tontura passava, ao menos parte dela, o enjoo ainda estava ali, mas o mal-estar ainda era grande. Me senti segura nos braços daquele Uriel, pois ele tinha evitado que eu caisse de cara no chão. Mumurei meio grogue e mal.

- Não me sinto bem... Estou enjoada e... tonta... e... ai que mal-estar...

No banheiro peguei uma toalha e a molhei. Depois fui ate o vaso e me sentei ao lado dele. Caso fosse vomitar, já estava pronta para isso. Com a toalha molhada fiquei passando na testa para ver se o mal-estar saia.

Enquanto tentava fazer meu mal-estar passar, encarei Uriel Ele tinha um sorriso bobo no rosto e fiquei sem entender. Por fim olhei meu ventre e me assustei com seu tamanho. Estava num estágio mais avançado de gravidez. Passei a mão sobre o ventre e murmurei.

- Caramba... Está mais desenvolvido do que me lembro...

Depois me veio a questão de quem seria o pai da criança já que, se eu vivia naquele mundo desde sempre, com quem eu me envolvia!?

Olhei Uriel vendo sua expressão. A forma doce e alegre que falou "nosso filho". Foi tão diferente da reação de Kola que disse algo como "tomara que não seja meu". Ele parecia se importar. Mas me senti confusa. Dava a impressão que eu e o Kola dali tinhamos algo.

- Nosso filho!? Mas eu achei que Kola fosse... unf...

Mal conclui a frase. O café da manhã já queria voltar. Virei o rosto para o vaso e coloquei as torradas com molho para fora. Qd terminei de esvaziar o estomago, escorei na parede fria. O rosto meio pálido e o corpo ainda com mal-estar. As lágrimas começaram a escorrer do rosto e me pus a chorar compulsivamente.

- E-eu não lembro de nada... Nadinha... (snif) Nem sei o que é verdade e sonho... (snif) E se essa for a realidade, não sei quem é o pai... (snif) E se isso acontece depois que tiver meu filho e esquecer dele tbm?! (snif) Que mãe horrível vou ser... (snif) É tudo confuso...

Enxugava as lágrimas ainda abalada e confusa. Olhei Uriel surpreso por um instante e comentei aos soluços.

- Já disse que não sei de nada daqui, Uriel... As lembranças que tenho... Tudo... É de outro lugar... De outra realidade... (snif)

Tomei um pouco de fôlego antes de voltar a falar.

- Nelas Kola era meu marido, e o filho que esperava era dele... Apesar do nosso relacionamento lá ser bem conturbado, pois a gente discute muito... Já com vc eu nunca discuti e sempre encontrei apoio e carinho... Vc era bem distante de mim, mas estava sempre lá qd eu chamava... Sua morte tinha me deixado muito abalada... E qd descobri o que vc sentia de fato por mim, fiquei ainda pior... Chorei muito ao saber que vc nutria um amor secreto por mim e morria para me salvar... e...

Achei melhor parar os relatos, pois soaria fantasioso demais para ele. Ergui os olhos chorosos e o rosto pálido o fitando com confusão e dúvida.

- Vou ser bem franca com vc, Uriel, pois não sei o que meu "eu" daqui fez... Não sei se é vc ou Kola o pai de meu filho... As coisas que ouvi de Kola hj davam a entender de que tinhamos algo... E vejo em seus olhos que nós dois tbm tinhamos algo... Então não sei nem em quem acreditar... Os dois parecem dizer a verdade pra mim... Não sei nem que decisão tomar, pois as coisas pra mim ainda são muito confusas...

Ainda com a cabeça escorada na parede fria murmurei.

- Enjoada, mas bem... Se precisar sair, pode ir... Ficarei bem sozinha... Se achar melhor, pode ate me trancar aqui dentro... Não vou sair deste banheiro tão cedo...

E fechei os olhos me encolhendo. Me sentia mal por ver tanta tristeza nos olhos daquele Uriel. Eu jamais iria querer algo assim. Tanto que abri uma brecha dos olhos e o observando murmurei.

- Seja lá o que tenha acontecido... Me desculpe... Não era minha intenção fazê-lo sofrer... Sabe... Gosto de vc... Posso não me lembrar, mas vc demonstra mais carinho por mim do que qlq um... Obrigada por isso... E desculpe se magoei...

Sorri sem jeito e comentei.

- Acredite, vc não iria querer passar por isso... Mas sabe... Acho que mereço passar por tudo... Serve como penitência...

Depois o fiquei observando sorrir. Era do mesmo jeito que o outro Uriel. Não mudava muito, mas havia algo diferente agora. E eu não sabia se era bom ou ruim. De qlq forma não gostei muito, pois nem toda mudança é agradável. Eu muito provavelmente o machuquei demais sendo franca com ele. Porém o que eu poderia fazer sendo que não lembrava de nada do que haviam me dito!?

Meio sentida quanto a essa mudança, virei o rosto de lado para afastar as mãos dele dos meus cabelos e fechei os olhos. Não me achava no direito dos cuidados dele depois de ver a magoa que causei. Respirava profundamente em busca de controlar os enjoos e sentia-me cansada.

Assim que ouvi o anuncio da ameaça vinda da pulseira de Uriel, Abri um sorriso e murmurei meio fraca.

- Que bom que acabou...

Soltei um longo suspiro e reabri os olhos comentando e tentando ficar de pé.

- Acho que vou ficar um pouco deitada ate o enjôo passar... Esse chão não é muito confortável...