O portador do Vento Amaldiçoado

Levanto-me sem saber ao certo onde estava, o que havia acontecido. Lembrava-me de ter perecido, mas será que esse seria o inferno ou o paraíso? Não sabia se estava no mundo dos mortos, no mundo das bestas, no mundo divino, ou somente estivesse dormindo. Não acreditava em muita coisa mais, somente sentia uma dor, uma dor no peito.

Lembranças de Arashi me partiam o coração. Se eu estivesse morto, não a veria mais. Ela poderia estar ferida. Somente essas coisas me erguiam e me faziam lutar. Sem enxergar muito mais além do que a mim mesmo, eu me levanto e começo a seguir buscando minha luz.

Sem entender muito eu tento puxar minha espada (caso ela esteja comigo).

Somente uma coisa passava pela minha cabeça, e ela seria minha fonte de energias. Pensava nela como pensava desde a primeira vez que eu a vi, desde quando a salvei pela primeira vez, até a ultima vez que eu a vi. Não estava certo. Meu coração é corroído pelo ódio. Penso em tudo o que passou, tudo o que fiz, tudo o que aconteceu. E então penso em como tudo acabou, meus ultimos minutos ao lado dela. Sinto um grande vazio. Meu corpo caminhava agora sem força, levado por instintos. Não era movido à sentimentos, era movido à seu instinto de sobrevivência.

Algum tempo depois eu digo para mim mesmo:

- Por quê...?

Olho para ele, me aproximo ainda sem entender nada. Tento sentir o calor do fogo. Lembro do calor de Arashi e então deixo as lágrimas escorrerem. Não era assim tão aberto com meus sentimentos, mas eu já "havia morrido" mesmo. Então digo:

- Olá... quem é você?

Ainda chorava sem saber como parar, se ela não saía da minha mente.

Olho para ele com certa calma. Me sentia em casa novamente. Ele me passava um pouco de paz e sossego. Faço uma pequena mizura e então digo:

- Sim aceito o chá.

Então me aproximo do banco, me sento. Olho para ele com certo temor e então digo:

- É um membro do clã?

Olho para ele sem entender muito sobre seu senso de humor e então digo:

- Sim... fui apunhalado pelas costas... duas vezes primeiramente e na terceira, eu cai.

Então olho ao redor e digo:

- Agora, estou confuso sobre o por que vim parar aqui e onde estamos... Não parece nenhum dos opostos sagradas. O que chamam de céu e inferno.

Ele olha para sua expressão confusa e parece se fazer de sonso, quando comenta:

- Parece um limbo não é...? Mas como disse... Venta a noite aqui... Olhe para céu...

Ele aponta e então a escuridão se abre, como se fosse uma cúpula mostrando um céu bem azul escuro e estrelado. Pouco a pouco até ficar bem escancarado... Elas brilhavam fortes e você se sentia cada vez mais em outro mundo... O chão continava escuro, aquela fogueira iluminando os rostos de vocês.



Aquele homem olha para você e citando algo estranho diante daquele visão que surgira:

- Uma estrela neste céu representa milhões de "fatos" que acontecem na vida de cada pessoa...

- A sua está ali... Está ali entre uma delas... Branca e bem extensa, parece escolher vários rumos, ao mesmo tempo várias direções... Ela está em expansão... É um estrela jovem e forte... Hum...? - ele aponta para outra direção e comenta surpreso - Noto que a de seu amigo brilha bem forte... Vermelha, bem forte, entretanto, apesar de bonita... Aparenta ser um estrela agressiva... Determinada a cumprir seu destino...

Aquele homem continua olhando e aponta, para uma estrela com tons amarelados e bege e com forma emissão de luz ondulada, ela pulsava o tempo todo. Apesar de estarem tão longe, pareciam tão perto, era quase uma visão surrear ver um forma nítida daquelas:

- Oh... Olhe para aquela! Ela não lhe lembra alguém..? Com essas ondulações, ela parece tão misteriosa em suas formas e curvaturas de luz... E o brilho dela é bem interessante, como se ela tivesse uma personalidade forte... Ela lhe lembra alguém, garoto?

Olho para ele com cara de poucos amigos e digo:

- Já sei... vai me torturar a eternidade toda? Estou no inferno não é? Ou então algo muito parecido... para fazer me lembrar... dela.

Então novamente meus olhos enxem d'água, mas não deixo que ela escorra por eles.

- Kiri, Arashi... meu amigo, meu amor... as duas primeiras facas...

Olho para ele e digo:

- Mas... mas... pensei que fosse somente uma lenda... não estou entendendo muito.

Então me isolo, saindo de perto dele por uns dois metros. Abaixo na escuridão e toco-a. Tentava encontrar um motivo para aquilo tudo.

Ele olha para você:

- Também não entendia... Até ter que que remover minha lembranças e proteger todos que eu lembrava da sombra deste "vento"...

Ele então começa andar numa direção oposta e dizer:

- Venha comigo... Como minhas memórias são falhas, eu escrevi coisas antes de me corromper e remover as memórias de mim mesmo...

E ele espera que você o acompanhe.

Não entendendo mais nada eu decido segui-lo. Afinal, as lembranças que eu tinha acabavam por me atormentar mesmo. Se esse fosse meu destino, eu iria cumpri-lo.

Olho para ele com certa impaciência. Não estava querendo ouvir aquela historinha de dobras de vento e destino cruzado. Não sabia nem quem ele era. Não poderia confiar nele, apesar dele estar vestido com os trajes do meu clã... Lembro-me de Aoki neste momento.

Ainda sem entender muita coisa eu digo:

- Você deve ter perdido muito para ter o que tem. A sabedoria, o auto-sacrifício. São dignos de Honra. Estou certo de que ao ler este pergaminho irei ver que você é um membro do meu clã... sinto-me honrado em tê-lo conhecido.

Então viro-me para adentrar a gruta. Estava ainda triste por diversas coisas, mas se esse era o meu caminho, a minha linha, a luz da minha estrela. Então eu deveria fazê-la brilhar como nunca. Precisava mostrar que eu não era aquele peso morto que todos pensavam que eu era. Um estorvo, um fraco.

Adentro o local sem muito hesitar.

Pego a arma pela bainha com certa maestria e então olho para ele. Quando me toco de quem/o que poderia ser, meus olhos lacrimejam também. então, mais confiante do que antes, eu embainho a Kazeken e sigo para dentro da gruta.