Extremo Leste - Campos dos Silvestres

* Moadib não se sentia a vontade com aquela conversa. Reconhecivelmente seria uma maneira rápida, porém temia que isto poderia atrapalhá-lo na procura da peça. A "aliada" temporária simplesmente o leva a pensar mais do que deveria e Moadib não gostava desta sensação. Porém acaba concordando, uma vez*

- *Uhuooo* Não é o modus operandis que estou acostumado. Mas se conhece a forma de furar aquele bloqueio, estou de acordo.

* Moadib notou que falara mais do que costume. Fazia tempo que não dialogava com qualquer, a não ser quando se tratava de negociar mantimentos com seres intergaláticos. Era uma troca de poucas palavras, costumeiramente. Nunca pensou que diálogos fossem interessantes de vez enquando. Mas, dependendo da pessoa. Pois também é raro Moadib se interessar por qualquer tipo de ser a não ser o que ele gostava de caçar. E na sua mente, ele tinha perguntas a fazer a ela, um ser interessante e ousado o suficiente para desafiar seus olhos. Com esse crescente interesse produziu um raro pensamento alto: *

- *Uhuooo* Eu tenho duas perguntas a fazer para você.

Fazendo o barulho do respirador, ele espera a reação dela.

* Moadib é metódico e logo pontua sua perguntas, como se fosse a organização de seu cronograma de caça. *

- *Uhuooo* Diga-me em que parte daquela vila irei encontrar o material necessário para recuperação da minha nave. *Uhoooo*

* Moadib descreve a forma deste material que necessitava para ela. Mas não queria fazer a segunda pergunta, esperando a resposta da primeira. Queria ouvir atentamente, pois considerava a mais relevante para seus objetivos.

* Apesar da segunda que fará, julgar ser a mais interessante, no que diz respeito a naruteza daquela Kanis. Ele observa a Kanis atentamente esperando sua reação e ao mesmo tempo usando ela como um indicador de perigo, uma vez que ela tinha vantagens para detectar fatores externos que viriam a atrapalhar a conversa. *

* Moadib prestava atenção em todos os detalhes que ela explicava. Até que quando ela terminou o relato, simplesmente *

- *Uhuooo* Ok... *Uhoooo*

* Moadib se levanta, vai até a nave, vendo seus mantimentos e renovando as energias. Sabia que faria mais uma ação. Como um gesto raro, ofereceu a kanis, mesmo esperando uma provável recusa, pois só ele suportava o gosto da iguaria que estava comendo, resultados do extrativismo que havia feito. Ainda assim perguntou de forma singela, um típico gesto para demonstrar confiança, um hábito que seu povo tinha. Estranho e irônico, se tratando do único sobrevivente... *

- *Uhuooo* Você quer? *Uhoooo*

* Entretanto, Moadib não fez aquela "real" segunda pergunta que faria, apesar de admitir que estava curioso com o fato daquela Kanis ter se revoltado contra seu próprio povo. Talvez não desejasse aprofundar relações com aquela aliada temporária. Temia que o apego pudesse comprometer alguma decisão sua. A individualidade neste ponto ainda era muito enraizada apesar daquele "hábito" coletivo herdado... *

* Moadib não se importa com seu gesto de revolta. Afinal, nunca fez uma completa analise os hábitos alimentares daquela raça. Levantou um pouco a máscara, sem desativar respiradouro, para que pudesse comer e beber. Assim que deu a primeira colada, aquela kanis podia ouvir a voz dele sem o respiradouro. Diferente e normal da voz modulada que a máscara produzia, com o objetivo de esclarecer a resposta a pergunta dela *

- Não. Não é minha segunda pergunta. Só estava oferecendo algo.

* A curiosidade de Moadib ainda rivaliza com sua individualidade. Talvez achou interessante saber as razões dela. *

- Minha pergunta seria sobre sua razão de ser assim contra aquele povo. Responda se quiser.

* Moadib volta a comer e beber, esperando a resposta dela. *

* Era o que temia. Moadib achou nobre o motivo, pois era ligado a sobrevivência. Algo em comum com o que ele possuia. Mas se ela pergunta os motivos dele além da nave, Moadib sinceramente demoraria para responder. Limitou-se assim que terminou de comer, a voz retorna a ser modulada com o respirador *

- *Uhooo* Esclarecido.

* Moadib, apesar de julgar aquela kanis como os demais curiosos seres da sua raça, não esparava que ela perguntasse algo a seu respeito. Ele ajeita suas hookswords e prepara-se novamente para disfarçar seu cheiro. Pois estava próximo de começarem a um nova ação.

* Apenas tentava imaginar qual seria a maneira de furar o bloqueio, já que conhecia todos hábitos e características daquela região oeste. Então esperou a companheira temporária se preparar *

* Moadib termina seu ritual e então olhando para a Kanis avisa: *

- *Uhooo* Estou pronto. Podemos ir quando quiser.

* Moadib apenas fita aquele hábito dela com curiosidade. Devido a dependência do respiradouro, achava estranho o que ela fazia. Mas desviou o olhar e procurou pensar apenas na ação que fariam daqui a pouco, assim como sua reação *

* Moadib estava admirado com a arma que ela usava. Imaginava se ela fosse sua adversária. Imaginou que seria uma luta interessante e talvez com poucas chances de sobrevivência. Mas esses pensamento foram rapidamente afastados por se tratarem apenas de desejos costumares de um caçador. Ainda estava se acostumando com idéia de parceria. Como não compreendia essa sensação, sentia curiosidade por ela e sua arma. *

* Antes que ela percebesse, Moadib parou de olha-la. Apenas acompanhou aquela Kanis, deixando esses pensamentos de lado rapidamente. Pois pensamentos e desejos nada adiantariam se não sobrevivessem a próxima ação. *

* Moadib acena com a cabeça compreendendo, antes dela se virar. Já se preparava para o momento em que aquele objeto mostraria algo interessante como ela dissera *

* Suas hookswords já estava prontas para o que der e vier. E assim seguiu-a de encontro a barreira. Contava com a vantagem de ter se "camuflado" como naquele momento anterior, depois que passar e se infiltrar. *

Narrando para Moadib:

Moadib nota ela se aproximando da barreira com uma velocidade que aumentava a cada segundo, apressando os passos até literalmente correr. Ela arremessa a esfera que ao entrar em contato com aquela muralha explode abrindo um grande rombo no bloqueio da vila. Cerca de cinco Kanis são arremessados para o alto com a explosão enquanto um grupo pequeno começa a surgir na abertura.


OFF

Post em: Vila Kanis

* Moadib evitou até deixar rastros de essência durante o caminho, quando começou a chegar perto destre trecho. Na verdade, até lançou para longe um flanco de madeira com essência espalhada para tentar ludibriar o inimigo (caso ele ainda persistisse), para fazê-lo pensar que está seguindo uma rota contrária, para bem longe, e então seguiu para se esconder. *

* Moadib guarda a hooksword para ter a mão livre, e numa operação rápida, retira seu casaco e fazendo um "saco", o enche de lama, e leva para gruta, carregando a kanis e o objeto para dentro. *

* Lá na gruta, rapidamente se camufla junto com a Kanis, removendo suas roupas e as dela com cuidado. Envolvia a pele dela daquilo com muito cuidado devido ao seus ferimentos e assim como a sua. Sem se importar com seu corpo feminino, tocando naquelas formas, ele acaba alisando a pele dela, enquanto a banha daquela lama. Moadib se dera conta de que nunca havia tocado no corpo de uma fêmea, mas não procurou nao pensar nisso. Usando o visor do elmo, queria ver a gravidade do ferimento dela, e pensou no que poderia fazer por ela. *

* Moadib se surpreende com lucidez dela, mediante os ferimentos. Não entendia o motivo dela sorrir estando naquele estado e a ironização dela por causa do lambuzaço. Imediatamente responde no costumeiro tom forte e monótono: *

- *Uhouuuu* Foi necessário. Estavamos sendo seguidos por alguém muito mais forte que aquele líder.

* Pensativo, Moadib desvia o olhar e diz algo inesperado até para ele próprio. *

- *Uhouuuu* Obrigado. Por aquele momento... *Uhoooouuu... Uhouuuuu...* Bem. Preciso ver uma maneira de curá-la. Você tem um ferimento interno e alguns ossos fraturados e se não for tratada não resistirá. Terei de ir até minha nave procurar algum medicamento no estoque dela.

* Moadib lhe cobre e pede: *

- *Uhouuuu* Mantenha-se assim. Voltarei logo. Não acenda nenhum fogo e nem tente sair daqui. Chamará atenção deles.

- *Uhouuuu* Yaha... *Uhoouuu*...

* Talvez mesmo por uma máscara que usava, aquela kanis sabia o que expressão Moadib fazia. Era informal nas seus gestos. Mas, consternado, simplesmente se apresenta, por se identificar com ela, assim julgou *

- *Uhouuuu* Me chamo Moadib. Era assim que eu era chamado em meu antigo planeta.

* Ele se levanta e então, armando um espécie de armadilha simples com alguns flancos de madeira e tracejados de plantas, para dar avisos a ela, ele se vira, indicando para ela como funcionava e diz *

- *Uhouuuu* Isso avisará de qualquer intruso. Aguente firme. Voltarei o mais rápido possível.

* E Moadib parte com toda cautela seguindo até sua nave. Se sentisse traços daquela essência (caso aquele inimigo estivesse rondando por aí), com certeza voltaria a se esconder e esperar. Pelo menos em termos de camuflagem, não seria identificado, mas tomaria cuidado com sua movimentação. *

- *Uhouuuu* *Uhoouuu*...

* Moadib viu seus esforços de recuperar a nave em vão. Devia sentir uma certa revolta, mas esse sentimento não lhe incomoda. Até permaneceu impassível com aquilo que ocorreu... *

* Mas, estava mais preocupado com Yaha, do que com o estado daquela nave. Nisso, começou a procurar entre escombros, nos compartimentos do estoque, tudo que havia sobrado inteiro de itens, como mantimentos e medicamentos que tinha negociado com seres, antes de começar os problemas com a nave. *

* De vez em quando, Moadib parava para analisar o ambiente a volta. Não queria ser pego de surpresa. Seu instinto de caçador ainda permanecia, mesmo diante da pressa e necessidade de encontrar o mais importante para Yaha. *