Contos da Família do Vento

Uma noite quente de inverno se inicia. Novamente as folhas das árvores lá fora chacoalham atiçando meus medos e trazendo a minha mente ilusões. Não vejo as sombras dos seus galhos. Não vejo os frutos do seu seio. Não vejo mais aquela árvore.

Não sei ao certo que aconteceu comigo para que eu crescesse com todas aquelas responsabilidades. Às vezes penso se herdei algo mais do que “dívidas” dos meus pais, como carinho, amor, proteção. Não sei ao certo por que eu fui enviado a esse mundo, mas sei exatamente de uma coisa, sou aquele que reina estas terras nos dias atuais e não deixarei de bradar minha espada nem por um segundo em prol daqueles que acreditam em minhas palavras. Não deixarei que meu povo morra, não deixarei que eles sintam o que eu senti... Crescer sem seus pais e mães. Viver em uma vida que não é sua. Brincar de ser homem enquanto se é ainda uma criança.

Não pedi para fazer o que eu faço, mas também não deixarei que ninguém mais o faça, pois esse é o meu fardo, esse é o meu destino, esse é o meu povo.

O menino que havia se tornado homem, o homem que havia se tornado sábio, o sábio que havia se tornado vento, o vento que havia se tornado shinobi. Assim nasceu o primeiro senhor do vento, assim nasceu o Chikara Fuu e com ele, nasceu a Guerra. Não a guerra egoísta de várias eras, mas a guerra contra o impuro e o profano, a guerra contra o insano e a favor da paz.

Existe uma grande roda. Uma roda que nunca pára, uma roda do destino. Ela não é classificada e nem possui nome. Mas alguns chamam ela de Chi e é do Chi que os Chikara Fuu vivem. Do eterno ciclo da vida e da morte, do Yin e do Yang.

A vida não teria significado sem a morte. A morte não traria mudanças se não renovasse a vida. E baseado nesses fundamentos existem as grandes tradições.

• Não quebrar o ciclo: todos os seres vivem com um propósito e esse propósito deve ser almejado e alcançado. Matar um ser vivente é quebrar seu ciclo nesta era.
  
  
• Trilhar seu caminho: todo pupilo, quando almeja a sabedoria, deve se disciplinar a seguir seu karma, completando seu ciclo, sem desviar-se por emoções e similares. Tais condições carnais foram feitas para testar nosso espírito e ceder a elas sem pensar é um ato errôneo. Ajudar os outros a trilhar seu ciclo, também é uma parte de nosso caminho.
  
  
• Não profanar o solo oferecido: mesmo que ao cumprir seu karma, não deve-se sujar o território alheio. Quebrar a lei do solo é quebrar a lei dos homens e nenhuma destas leis deve ser rompida para que não seja manchado o seu espírito.
  
  
• Sabedoria é Evolução: a mente deve ser evoluída ao máximo em seu caminho. Ter conhecimento das coisas mundanas é ter conhecimentos sobre as leis do Chi. Não há meio mais honrado de se adquirir a sabedoria do que vivendo a vida em seu karma. Da mesma forma, o espírito não evolui se o corpo está estagnado. Então treinar o corpo e a alma são fundamentais para a sua evolução e por fim para chegar à Sabedoria.
  
  
• Honra e Humildade: Um membro da família do vento é um nobre durante toda a sua vida, a não ser que desrrespeite qualquer uma das antigas leis citadas. E assim, ele é considerado um membro de honra, caso haja com humildade em sua vida e deseje que o caminho alheio seja cruzado por seu "irmão". De forma inversa, qualquer um membro perde sua honra e assim deve ser banido. Não punido com a morte desta era, mas punido com mais um karma a se cruzar.

Essa será a forma em que todo Chikara Fuu nascerá, crescerá e evoluirá. Destes tempos em diantes até o final das Eras.